quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

ALFREDO BRANDÃO, presidente do Grêmio Musical Mageense

Uma das coisas mais chatas sobre Magé são as discussões sobre os políticos. Uns defendem fulano, outro abomina ciclano, mas gosta de beltrano. São vistos como heróis ou vilões, sem meio termo. No entanto, as coisas nunca parecem mudar, pois fulano, ciclano e todos os outros são como um só.

Enquanto iss
o, fora do Palácio Anchieta e da Câmara Municipal, existem indivíduos que, ao contrário dos politiqueiros, pensam em mudar o rumo da história e da vida dos mageenses. Um destes é Alfredo Brandão, 46 anos, cujo amor pela música o faz seguir em frente na luta para fazer do Grêmio Musical Mageense uma referência da nossa cidade. Não por dinheiro, mas por uma outra causa: "a cultura e os jovens."

Tanto esforço e dedicação terão reconhecimento público no dia 26 deste mês, quando o Grêmio representará Magé e o Estado do Rio de Janeiro na grande manifestacão social Rio com Vida, no Aterro do Flamengo. O evento faz parte da Jornada da Mobilização do Fórum Social Mundial.

Apesar do orgulho, Alfredo não esconde a mágoa p
ela falta de reconhecimento na sua própria cidade. "Ficamos mais tristes é com o descaso do povo em relação ao Grêmio nossos músicos são elogiados e pretendidos por Orquestras do Brasil todo, mas se fazemos um evento aqui na nossa cidade e utilizarmos o nome do Grêmio ninguém apoia porque é de Magé", revela.

A Rede Mageense de Blogs, através do Mageense Global, conversou com este homem que dedica sua vida à dois de seus maiores amores: a música e Magé. Alfredo é, para nós, um exemplo de luta e dedicação. Por isso, será o primeiro de uma série de entrevistas que faremos com os personagens que escrevem capítulos de uma história diferente da nossa cidade. Aquela que não lemos. Não porque não vemos, mas porqu e temos o mal hábito de não dar valor ao que está muito próximo de nós.


Quem é Alfredo B
randão?

Nascido e criado em Magé, Alfredo mantém uma relação de amor com a música desde a infância, quando entrou para a Banda Marcial do Colégio Estadual (onde durante 20 anos foi contra-mestre), no centro da cidade. Na mesma época, entrou para a Escolinha Musical do Grêmio. Hoje, Alfredo é militar de carreira - Suboficial da Marinha do Brasil -, formado em Filosofia e trompetista profissional. Desde 2003, é Presidente do Grêmio Musical Mageense. Foto: (Na esquerda) Discursando ao lado do Presidente da Academia Magee nse de Letras, Alzir, no Primeiro Concurso Nacional de Poesias com o Tema "Grêmio Musical 50 anos", no Hotel Canopus. O evento reuniu poetas de todo o Brasil em 29/09/2007.



Léo:
Eu me lembro que o Grêmio estava, há alguns anos, quase acabando. Você confirma minha memória? Quais as razões para que o Grêmio estivesse definhando?

Alfredo: O Grêmio e a maioria das Bandas de Música vêm definhando pela total falta de ajuda do poder público, seja na ajuda com manutenção, seja com a organização de encontros e concursos de Banda. O preço de qualquer instrumento é muito caro e o aluno quando vem estudar não pode comprar o instrumento. Ele conta que as bandas tenham o instrumento para que ele possa aprender. Fora isso o Grêmio foi utilizado certa época por pessoas que tinham outros interesses que não eram o Grêmio.

Léo: Quando vc comecou a atuar para revitalizar as acoes do Grêmio? Como foi este processo? Quais pessoas colaboraram com seus esforços?

Alfredo: Quando assumimos em 2003 após um processo desgastante com a diretoria anterior, tivemos que conseguir um abaixo assinado de 3.000 assinaturas para que a Presidente anterior entregasse o cargo, após serem descobertas certas irregularidades que não vêm ao caso. Equacionamos as dívidas e começamos a pagá-las.

Criamos uma Orquestra de Baile para que pudéssemos arrecadar e custear as outras atividades do Grêmio. Infelizmente o próprio povo Mageense sepultou essa nossa idéia ao não apoiar os nossos bailes ao descobrir que a Orquestra era de Magé.

Fizemos contato com outras instituições (Academ
ia Mageense de Letras, Casa do Mestre, União Magense dos Trovadores, Grêmio Musical Santa Cecília, Companhia Pirâmide de Artes, entre outras), que passavam os mesmos problemas que a g ente, para que púdessemos debater trocando experiências (faço questão de ressaltar que sempre enfrentei muita resistência dentro do próprio Grêmio para fazer essas parcerias).

Começamos a fazer projetos Culturais e enviá-los para tudo quanto é empresa que pudessem nos patrocinar. Convidamos novamente os músicos para retornarem a frequentar o Grêmio. Investi inicialmente do próprio bolso e depois fizemos campanhas para compra de instrumentos necessários para reativar a Banda de Música mas fazendo um trabalho totalmente inovador jamais feito em Magé.


Inc
entivamos outros tipos de aulas como violão, guitarra, teclado, bateria e induzimos os alunos a montarem os seus grupos cedendo o espaço do Grêmio para apresentações. Colocamos o grupo dos Professores para se apresentar na praça da Prefeitura tocando MPB, Jazz, Salsa, Choro, acostumando o povo a outros tipos de cultura Musical, estabelemos que de 02 em 02 meses faríamos apresentações dos alunos do Grêmio na própria sede trazendo o povo para dentro do Grêmio.Foto: Apresentacões de alunos do Grêmio na Avenida Simão da Motta, no centro de Magé.

Léo: Esta
s apresentacões ainda acontecem ou o descaso mageense contribuiu para que acabassem?

Alfredo: As apresentações acontecem com uma inovação: trazemos alguns instrumentistas de alguma fama para fazer workshop para os jovens cobrando como ingresso 1kg de alimento não perecível. As apresentações no grêmio continuam.

Léo: Acima, vc começa falando no plural. Quem participou com você naquele início de dificuldades?

Alfredo: Do grupo de diretores inicial, só restaram eu, Charles Soares de Mattos, Lady Jane Sousa Ramos e Gilberto Pacheco. Com certeza esses são meus parceiros nessa empreitada as vezes nem tão presente mas a distancia de uma ligação.Os outros ficaram pelas "vielas da vida."

Léo: Quantas pessoas estão envolvidas nas atividades do Grêmio hoje?

Alfredo: Hoje temos 08 professores além da diretoria (complementada por Antonio Seixas, Robson de Souza Pinheiro, José Carlos Quntanilha e Wanderson Lima Villa) atendemos a cerca de 300 jovens e adultos, temos uma parceria com a Vara da Infancia e da Juventude para atendermos menores infratores do nosso Município sem custos.

Léo: Como acontece o atendimento à menores infratores?

Alfredo: Esse atendimento é feito no Grêmio pois a intenção é justamente fazê-los interagir com os outros jovens e ver que eles são iguais a todos. Mas mesmo esse atendimento tem dificuldade pois a maioria dos menores infratores de Magé são do sexto distrito (Piabetá/Inhomirim) e não tem uma viatura para buscá-los.

Léo: Como eles se sentem ao entrar em contato com a música?

Alfredo: A princípio são arredios e desconfiados, mas geralmente mostram algum talento em alguma área. Como eu sempre digo: "a música é mágica". Tenho certeza que com um tempo adequado e uma dedicação maior todos podem um dia se profissionalizar.

Léo: Quais são as maiores dificuldades para manter o Grêmio funcionando?

Alfredo: A dificuldade maior do grêmio é em relação ao instrumental já que o instrumento musical no Brasil é muito caro e de baixa qualidade. Fora disso, existe o problema da manutenção os instrumentos.



Poucos empresários ajudam com alguma coisa e os que ajudam são pequenos empresários. Ainda não chegou a Magé a cultura de que patrocinar pode ser abatido do imposto. Ainda não chegou ao ouvido dos empresários mageenses a noção de lucro social, em quanto uma empresa pode ser bem vista pela população por investir em Cultura/Social que se reverterá para a própria população. Foto: Uma das aulas do Grêmio, 16/07/2007.

Léo: Como são estas pequenas colabora
ções?

Alfredo: O Lucídio da Padaria Dona Dama sempre colabora com lanches. O Adriano do Tere-frutas uma vez ou outra com gêneros para fazermos almoços. O Jumar Puggianni da Sinal Tintas nos doou um Trombonito... e só. Como pode ver são poucos e sempre pequenos empresários. Mas o que ficamos mais tristes é com o descaso do povo em relação ao Grêmio nossos músicos são elogiados e pretendidos por Orquestras do Brasil todo, mas se fazemos um evento aqui na nossa cidade e utilizamos o nome do Grêmio ninguém apoia porque é de Magé. Conhecemos outras cidades - Guapimirim é um exemplo - que o povo idolatra a sua Banda, mas aqui o pessoal despreza.

Léo: É uma pena mesmo. No dia a dia, quais são as atividades que o Grêmio disponibiliza hoje para os interessados?

Alfredo: Hoje ministramos aulas de violão, guitarra, baixo eletrico, teclado, bateria, trompete, saxofone, clarinete, trombone e tuba. Para isso trouxemos profissionais formados na Escola de Música Villa Lobos, UFERJ, UNI-RIO. São cobrados R$ 55,00 reais de mensalidade daqueles que podem pagar. no caso do pessoal carente estudamos caso a caso, lembrando que a tabela do Sindcato dos Músicos é R$ 50,00 reais por aula.



Além disso, temos como atividade em grupo a Banda de Música, Orquestra de Violões, a Orquestra Popular (BigBand que toca MPB num estilo mais Jazzístico), os Grupos de Choro, Grupos de Bossa-Nova. Temos uma parceria com a Uferj na montagem de um Coral Infantil e um Coral adulto, projeto supervisionado por um professor da Uferj. A receita do Grêmio paga um funcionário, e mal dá para as despesas sendo necessário muitas das vezes completar do meu bolso. Foto: Coral infantil na Escola Villa Lobos, no Rio de Janeiro, "onde foram aplaudidas de pé", destaca o orgulhoso Alfredo. Em 21/11/2007.

Léo: O Grêmio representará Magé e o Estado do Rio, no Rio com Vida, um dos eventos do Fórum Social Mundial, neste ano. Como aconteceu o convite ao Grêmio?

Alfredo: Desde que assumimos a direção, nós mantivemos um bom relacionamento com outras instituições, convivendo com os seus problemas e participando das suas realizações. Participamos da organização de um fórum a cerca de 02 meses atrás, sobre a cultura em relação ao meio ambiente.

Léo: Quem mais participou deste fórum?

Alfredo: Foi um fórum organizado por um ONG daqui de Magé centrada no Meio ambiente, só que ela não é registrada. Então o fórum foi divulgado como organizado pela APA, FEEMA, entre outros. O objetivo era de mostrar a relação dos vários tipos de arte com o meio ambiente, trabalhando um resgate dos Caiçaras, mostrando como o Caiçara sobrevive do meio onde vive, produzindo arte. Estiveram presentes pessoas envolvidas com meio ambiente de São gonçalo, Itaboraí, Magé, Guapimirim e comandantes de corporações militares destes municípios e autoridades de Educação e Cultura. As autoridades presentes viram as apresentações do Grêmio e conheceram um pouco da nossa luta. Daí partiu o convite.

Léo: E sobre o Rio com Vida do FSM? Como serão as apresentações?

Alfredo: Nós levaremos ao fórum nosso Grupo de Choro, Grupo de Bossa-Nova e Orquestra de Violões. Estamos nos reunindo semanalmente no Circo Voador com a organização para que tudo dê certo. Também queremos levar com a gente outras instituições como a companhia de Teatro do Tio Samuca de Santo Aleixo (teatro infantil).

Tenho que agradecer também ao Fernando Fernandes, da rádio Na Onda. Ele me mandou um scrap (no orkut) falando sobre o fórum. Ele está sempre divulgando todos os grandes eventos relativos a nossa cidade, inclusive quando fizemos o concurso de poesias. Fiz questão de homenageá-lo como amigo da Cultura Mageense.


Léo: Qual o telefone de contato para os interessados em conhecer ou participar do Grêmio?

Alfredo: As matrículas são feitas diretamente com os professores diariamente de Domingo a Domingo. O telefone é 26334688, ou na minha residência 26331754.

Abaixo, um vídeo do II RECITAL DE BATERIA DO GRÊMIO MUSICAL MAGEENSE, disponibilizado no You Tube neste endereco: http://www.youtube.com/watch?v=d4pFaDC2Z_o




terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Magé na Globo

Na última segunda, dia 07 de Janeiro, a Rede Globo exibiu duas matérias sobre Magé.

A primeira, no RJ-TV 1a edicão: Casos de Dengue Preocupam Moradores de Magé.

A segunda, no RJ-TV 2a edicão: Casos de Dengue Atrapalham Atendimento Médico em Magé.

Vários aspectos normais de nossa cidade puderam ser notados.


Para pensar:

- Não é de hoje que os hospitais e postos de saúde de Magé são abandonados. Não é culpa da Núbia. O problema e o descaso são antigos. Como eu disse no post anterior: pintam-se as fachadas e compra-se um ou outro equipamento de tempos em tempos. Mas o atendimento não é adequado há décadas. Todos temos uma experiência pra contar.

- Um dos entrevistados na 1a matéria reclama da falta de informacão quanto ao combate ao mosquito da dengue. O que aconteceu com os Agentes de Saúde que iam às casas colocar remédios e explicar os procedimentos de prevencao?

- Essa cultura do título de eleitor também é antiga, mas eu achava que era mais comum em épocas de eleicão. Além do atendimento médico, onde mais exigem-se os títulos para servicos públicos?

Sobre o título de eleitor:

- 1a edicão: "Nós não temos o cartão SUS ainda", ao explicar a exigência de título e de outros documentos.
- 2a edicão: "Da ordem de 40% o atendimento aqui é de Caxias. Por isso nós estamos pedindo documento, pq nossos recursos não dá pra atender Magé e Caxias também"

Palavras da secretária de saúde, Marlene Formiga. É questão administrativa, política ou desumana mesmo? Em tempo: imagina se Teresópolis, Petrópolis e até Caxias resolvessem barrar os mageenses que há anos procuram um atendimento decente por lá...

- Os dois títulos, das duas matérias, são infelizes e não colaboram para a ampliacão do debate do caos da saúde em Magé.

* Ao focar a dengue, dão atencão à epidemia e esquecem que os hospitais são largados o tempo todo.
* No segundo, a dengue atrapalha o atendimento. "Mais de 200 mil moradores e um hospital em funcionamento." Tem certeza que a culpa é do mosquito?

Aos que são de Magé, Piabetá, Mauá, Santo Aleixo e dos outros bairros. Contem o que vcs sabem, comentem e colaborem com o crescimento da Rede Mageense de Blogs!